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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

carta

Minha vida se enfeitou de lírios e jasmins.
E o cheiro que de suas palavras desprendia
era puro sândalo a me embriagar de paixão e temor.
Eu cantarolava seus arranjos.

E a melodia que aqueles verbos entoavam,
faziam meu peito se inflar de suspiros sufocantes.
Cada acento que usavas elevava também minha alma.
E não me importava o tempo verbal.
Cada um que conjugavas aos meus ouvidos,
olhos e boca, parecia estar sempre flexionado
em postura de reverência.

Os adjetivos que vinha compartilhar comigo
eram giz de cera a me colorir
com aquela beleza tão luminosa.

O compasso que marca meus pensamentos
voltou a se orientar.
E a ternura que então dominou minha alma
foi a mesma que fez meu corpo de encharcar de luxúria.
E eu me deleitava.

Somente no fim eu lançava maldições.
Contra o tempo.
Que por inúmeras vezes estava entre nós,
me roubando seus versos encantados.

 Foto: Mayara d'Paula

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